segunda-feira, 26 de maio de 2008

EU nascendo de novo


Fui criado aprendendo que a maturidade vem sempre somada a sabedoria mais a idade.
Que idéia mais ridícula , cada dia que passa me descubro mais e mais incompleto.
Cheio de ansiedade e lacunas a preencher numa Vida que jamais consegui sentir realmente pleno.
Checkups de comportamento, posturas e valores. Desejos, muitas vezes inconfessáveis e inconfessados até pra mim mesmo. Tudo isso somado , resultaria em um estresse anatômico patológico.
E, no entanto, estou calmo.
Numa ebulição interna, mas tranqüilo na superfície.
Sinto Nascer em mim uma magnitude diferente. Parece que, enfim, o homem que posso ser está prestes a surgir, a florescer.
Unidade. Plenitude. Integridade. Não no sentido comum desta palavra: não no sentido moral, de honestidade e confiança. Mas integridade no sentido de integração, de coesão das múltiplas facetas de que sou feito.
“Inteireza”, talvez seja mais exato.
Estou em um melancólico e profundo contato com meu EU interior.
Não mais daquela forma infantil e fantasiosa que marcou minha adolescência e juventude.
Mas de maneira concreta, definitiva, social e verdadeira.
Sou EU nascendo quase que de novo.
Àquele que estava, e já não existe mais, espero que a escuridão dê o devido fim.

Se , se ....


No espaço que se encontra livre, vem uma tristeza.
E devagarzinho e se apossa de minha Alma.
Não se trata de uma tristeza doída.
É quase um mel, quase um afago.
É uma tristeza saudável, quase amiga.

É uma tristeza de saudade.
É a falta que faz um carinho que é para ser da gente.
E que sabemos que está à espera, sentindo a mesma falta.
É a quase presença de alguém.
Não é amargura,
Apesar de ser a tristeza que insiste em habitar meu coração sozinho e vago.

É a tristeza à espera do sonho, da Vida.
Da certeza que a solidão vai acabar um dia:
Que o Amor está escondido em uma parte da estrada.
Ou em uma dobra do lençol.
Sinto o gosto doce dessa tristeza que vem num quase gemido.
Nas lágrimas que descem.

Sinto o aconchego que poderia ter se...
“Se”, o quê ? “Se”, nada. Apenas “Se”.
O aconchego que tenho direito a ter,
Que já tive e que terei um dia,
Não se misturar com a dor que sinto agora.
Sabe-se lá até quando.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Vou recolher o brilho do mundo


Hoje estive junto ao mar, ao entardecer, lembrei ...
Meu coração ensaiou parar.
Depois do Sol se esconder, lindo estático, imponente ..
Quase desejei morrer.
Mas em breve a Lua apareceu, trouxe consigo um sorriso lindo.
E eu que queria desistir, ancorado no meu cais.
Refletindo todo o sentimento obscuro de minha Alma,
Decidi sonhar.
Olha meu coração, não bate mais...
A Lua desapareceu.
Senti que não podia mais amar.
Dessa forma não quero mais viver.
Olha coração, será que vou ter que te dizer mais mil vezes.
Pare de sonhar, sem o Sol , sem a Lua e sem o Azul não dá !
Melhor fugir.
Queria de novo estar junto ao mar,
Dentro do mais profundo azul.
Vou recolher o brilho do mundo.
E o coração em meu olhar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

saltare in amplius profundus


Res ab exitu spectanda et dirigenda est.
Unusquisque in arte sua sapiens.
Multi sunt vocati, pauci vero electi.

domingo, 18 de maio de 2008

A Vida se realizou.


Era uma vez uma Boca , que se apaixonou por uma orelha, dai nasceu o arrepio.
Apareceu uma língua e decidiu entrar na estória,
Aconteceram gemidos,
Vieram mãos, dedos suaves, ombros modelados.
Um pescoço, intrometido.
Em seguida uma tatuagem exalou um cheiro de flor.
Nasceu a inspiração.
O Umbigo estava com um certo ciúmes, foi lambido e se acalmou.
O coração disparou.
Os pés vieram com força, e seguraram a flôr.
Flôr , claro uma rosa vermelha escarlate, cheia de Vida.
No lençol, nada mais existia que não fosse desejo.
Nasceu a paixão.
O silêncio pairou, o grito aconteceu, a Vida se realizou...

Ps. Amo essa Vida de descobertas.

Grito


Agora vou gritar, preciso romper meu silêncio.
Exorcizar os demônios e emudecer meus infortúnios.
Meu choro, tem a correta função de lavar minhas insanidades.
Desabar muros de dor.
E desatar as amarras do sofrer.
Quando sonho,
Preciso emudecer em meus pecados.
Acordar meus segredos e reduzir a pó minhas mentiras.
Quantas vezes morro,
E nunca vivo para deixar acontecer,
O que nunca ousei imaginar.
Agora vou gritar ...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Silêncio I


No meu mais cravado espaço, já não há palavras.
Apenas o crystal de um inverno cinzento,
Que escuta a queda, do orvalho calmo que vem do céu,
E passagem fugaz das finas gotas, que esfriam até a Alma.
Já não me resta mais nada ao fim dessa Vida,
Senão o cego olhar de minhas pupilas, feridas pela falta da luz,
Nem o som angustiado do pranto que insiste agora;
Sou concluso e contido,
Sou a pedra do meu próprio caminho.
Suporto sozinho meu pomar maduro,
Pelo sol da tristeza da angústia e da pena.
Desconheço a origem de minhas feridas,
Não imagino de onde chegam,
Nem a que destinos, eu e elas chegaremos.
No fundo de mim já não há palavras.
Só há um ser que pensa.
E se converte no silêncio..
E em silêncio ficaremos...