terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cecilia Meireles



Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios.
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança .
Tão simples, tão certa tão fácil.

-Em que espelho ficou perdida a minha face?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mosaico das Flôres


Sou um problema em evolução,
daqui na verdade não sei se fico mais grave ou melhoro .
Nessa simbiose de emoções ,
sempre marcada por extremos , queria um pouco do meio ,
do neutro , do "zero", para pode respirar .
Não suporto gente que vai levando a Vida ,
odeio a acomodação , cresci em um meio de gente atuante ,
que luta bravamente pelos ideais ,
Acordei no céu, e pelo jeito vou terminar meu dia abaixo do limbo.
Acho isso tudo ótimo , mas confesso que desgasta.
Hoje vou me fechar em copas, deixar que os outros joguem o jogo ,
quero sonhar finalmente colorido, escutar música erudita,
chorar com As quatro estações de Vivaldi e sorrir com a Sinfonia nº 2 de Henryk Gorecki.
Vou terminar o projeto do mosaico das flôres para poder
sentir o cheiro de cada uma delas.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Era uma vez uma boca ( e um sonho )


Era uma vez uma Boca , que se apaixonou por uma orelha,
dai nasceu o arrepio.
Apareceu uma língua e decidiu entrar na estória,
Aconteceram gemidos,
Vieram mãos, dedos suaves, ombros modelados.
Um pescoço, intrometido.
Em seguida uma tatuagem exalou um cheiro de flor.
Nasceu a inspiração.
O Umbigo estava com um certo ciúmes, foi lambido e se acalmou.
O coração disparou.
Os pés vieram com força, e seguraram a flôr.
Flôr , claro uma rosa vermelha escarlate, cheia de Vida.
No lençol, nada mais existia que não fosse desejo.
Nasceu a paixão.
O silêncio pairou, o grito aconteceu, a Vida se realizou...
Ps. Amo essa Vida de descobertas.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Não tenho mais tempo a perder


Foi ali, naquela rápida e furtiva esquina que achei um lugar para recomeçar.
Observando a densa coreografia do cotidiano,
fui me reinventando.
Braços, pernas, mãos e pés.
Com alguns sorrisos, sequei as lágrimas.
Fechei suas portas e abri minhas janelas.
Icei todas as minhas velas e resolvi ir em frente.
Não tenho mais tempo a perder.

terça-feira, 12 de maio de 2009


O tempo passa lá fora como se nada pudesse contê-lo.
Vem cá de novo nesse céu me inspirar .
Nasce como lotus dentro do meu peito .
Diz para esse mundo, que não só as nuvens são eternas .
Abre em mim uma fenda e por ela pode passar .
Te desejo Luz .
Ousa me contradizer !!

Ps. Tenho medo de ti de tudo de mim , da sombra , da luz do silêncio ou vozes . De folhas secas, do cântico das águas das fontes , de todas essas horas longas que correm assim velozes .
Ps2. O mundo é azul ..seus olhos também .

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ler os pés


Sai para tomar um sol, para respirar um pouco, andar ...
Vi como é engraçado o jeito que os braços das pessoas balançam quando andam, uma coisa meio desengonçada.
Percebi gente maluca, que só anda na parte branca do desenho da calçada, eu só ando na preta.
Choveu e vi gente de guarda-chuva andando debaixo das marquises,
não entendi.
Vi crianças andando devagarzinho em silêncio,
para ver se conseguiam pegar as pombas.
Vi adolescente fazendo o mesmo,
porém para ver se chutava uma para os ares.
O sol saiu, raiou, brilhou de novo, vi que a Vida passa rápido,
já estava ali por quase uma hora e nem notei.
Segui as palmeiras centenárias, que faziam um caminho na praça,
dei de cara com a mulher que insistia em ler minha mão.
Dessa vez me rendi.
Disse a ela que também era quiromante,
e que de graça daria dicas para ela sobre futuro.
Acho que me achou um louco, saiu de fino,
sussurrando palavras de ordem.
Sorri, pensei como a Vida passa rápido,
não tenho mais tempo a perder,
deixa voltar ao trabalho,
se não quem vai pagar a pensão da ex.
Um dia eu saio e não volto nunca mais,
faço um banquinho de palha e vou ler as mãos das pessoas,
ou melhor, vou ser diferente,
vou ler os pés.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ser transparente


Difícil ser transparente?

Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros, mas ser transparente é muito mais do que isso...

É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar dos nossos sentimentos!

Muitos de nós preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nossos seres, mas se agíssemos com o coração, poderíamos evitar muita dor.

Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!

Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível.

Que consigamos apenas docemente viver, sentir e amar.

E que você seja não só razão, mas também coração. Não só um escudo, mas também Sentimento.

Seja Transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar!