segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ler os pés


Sai para tomar um sol, para respirar um pouco, andar ...
Vi como é engraçado o jeito que os braços das pessoas balançam quando andam, uma coisa meio desengonçada.
Percebi gente maluca, que só anda na parte branca do desenho da calçada, eu só ando na preta.
Choveu e vi gente de guarda-chuva andando debaixo das marquises,
não entendi.
Vi crianças andando devagarzinho em silêncio,
para ver se conseguiam pegar as pombas.
Vi adolescente fazendo o mesmo,
porém para ver se chutava uma para os ares.
O sol saiu, raiou, brilhou de novo, vi que a Vida passa rápido,
já estava ali por quase uma hora e nem notei.
Segui as palmeiras centenárias, que faziam um caminho na praça,
dei de cara com a mulher que insistia em ler minha mão.
Dessa vez me rendi.
Disse a ela que também era quiromante,
e que de graça daria dicas para ela sobre futuro.
Acho que me achou um louco, saiu de fino,
sussurrando palavras de ordem.
Sorri, pensei como a Vida passa rápido,
não tenho mais tempo a perder,
deixa voltar ao trabalho,
se não quem vai pagar a pensão da ex.
Um dia eu saio e não volto nunca mais,
faço um banquinho de palha e vou ler as mãos das pessoas,
ou melhor, vou ser diferente,
vou ler os pés.