27 de julho

N.A.S.C.I.

Sonhe mas não acorde !

Estava andando, sempre uma nova foto se concretiza , dependendo do momento.

Olhei o velho , o pássaro , a rua e suas encruzilhadas, o céu de intenso azul , o vento frio e inconstante.

Senti o cheiro das poucas árvores que ali se movimentávam , portas por todos os lados , gente como a gente, mirando-se em um ponto fixo sem norte algum.

Fiz outra foto, queria te colocar nela, mas voce se foi , esvaiu-se como fogo sem lenha, se apagou com o pôr-do-sol , ventou mais uma vez , uma folha caiu no chão e agora meu Norte virou Sul.

Vamos ver se nesse mar de estrelas voce ainda renasce, como sonho, como ar vital.

Imagina o que é ser a existência de alguém ?

Sonhe , mas não acorde !

Era um Lago, hoje é um Mar

Há um baú cheio de revelações, e apesar da necessidade de revirá-lo,
Jogar para fora cada peça das vestes da peculiaridade,
De acordar sem deixar pistas sobre a noite que chega ao fim,
Espero que meu coração se aquiete, para retornar ao inviolável sono.
Aqui estou eu, um mero espectador da Vida real sonhando tudo de novo.

A ansiedade que me toca, tão típica dos que saboreiam a fome por Amor,
É a mesma que me desola.
Ah essa montanha russa de sentimentos ...confusos.
Os dias passam, enquanto eu desenho meu castelo no ar.
Trago minha roupa de guerreiro, guardada e precisa.
Sinto sua necessidade de segurança, rasgar-me a carne.
Reconhecer a Vida, ao invés de abandoná-la ao obsoleto.

Então, amo um sonho inquieto,
Corro, vez ou outra, movido pelo desespero que o tédio me causa.
Alguns sonhos são intocáveis e, por essa razão, querem dizer mais do que o desejo de tocá-los.

Ps. Sinto sua necessidade de segurança rasgar-me a carne .

Ps2. Sobre a foto, digo :" vem sopra que me desmancho ".

Cecilia Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios.
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança .
Tão simples, tão certa tão fácil.

-Em que espelho ficou perdida a minha face?

Mosaico das Flôres

Sou um problema em evolução,

daqui na verdade não sei se fico mais grave ou melhoro .
Nessa simbiose de emoções ,

sempre marcada por extremos , queria um pouco do meio ,

do neutro , do "zero", para pode respirar .

Não suporto gente que vai levando a Vida ,

odeio a acomodação , cresci em um meio de gente atuante ,

que luta bravamente pelos ideais ,

Acordei no céu, e pelo jeito vou terminar meu dia abaixo do limbo.
Acho isso tudo ótimo , mas confesso que desgasta.

Hoje vou me fechar em copas, deixar que os outros joguem o jogo ,

quero sonhar finalmente colorido, escutar música erudita,

chorar com As quatro estações de Vivaldi e sorrir com a Sinfonia nº 2 de Henryk Gorecki.

Vou terminar o projeto do mosaico das flôres para poder

sentir o cheiro de cada uma delas.

Era uma vez uma boca ( e um sonho )

Era uma vez uma Boca , que se apaixonou por uma orelha,

dai nasceu o arrepio.

Apareceu uma língua e decidiu entrar na estória,

Aconteceram gemidos,

Vieram mãos, dedos suaves, ombros modelados.

Um pescoço, intrometido.

Em seguida uma tatuagem exalou um cheiro de flor.
Nasceu a inspiração.

O Umbigo estava com um certo ciúmes, foi lambido e se acalmou.
O coração disparou.

Os pés vieram com força, e seguraram a flôr.

Flôr , claro uma rosa vermelha escarlate, cheia de Vida.

No lençol, nada mais existia que não fosse desejo.
Nasceu a paixão.

O silêncio pairou, o grito aconteceu, a Vida se realizou...

Ps. Amo essa Vida de descobertas.

Não tenho mais tempo a perder

Foi ali, naquela rápida e furtiva esquina que achei um lugar para recomeçar.
Observando a densa coreografia do cotidiano,
fui me reinventando.
Braços, pernas, mãos e pés.

Com alguns sorrisos, sequei as lágrimas.
Fechei suas portas e abri minhas janelas.
Icei todas as minhas velas e resolvi ir em frente.
Não tenho mais tempo a perder.