quinta-feira, 13 de março de 2008

As películas nos vidros dos carros e suas histórias tristes.


Hoje em dia apesar do imenso engarrafamento em que estamos sujeitos , quase que todos os dias e em todas as horas , tivemos por força das conseqüências , um lazer que desde que inventaram o vidro , nos foi tirado ; estou falando dessas películas que cada dia mais estão se fechando para o mundo exterior , e com elas nos sentimos feras enjauladas , querendo de alguma forma contato com o meio em que vivemos, onde a beleza esta literalmente dentro de uma redoma .
Cenas que nos distraíam , como um casal se beijando de forma linda e romântica, até verdadeiras brigas de titãs, onde mães e filhos trocavam tapas sem se preocupar com o motorista do lado; quem nunca viu alguma pessoa procurando cravos na testa , olhando pelo espelho retrovisor ou aqueles rudes homens de dedos grossos e belas mulheres de unhas feitas buscando respostas para a existência de crostas bem no fundo do nariz.
E aqueles que falam sozinhos , mesmo parecendo loucos tentamos de todas as formas entender o que eles dizem , as vezes concluímos pelo fiozinho que sai das orelhas ,que estavam no celular viva voz , aliás falando deles , a maneira que cada um fala, determina o tempo e a marca do celular em questão , existem aqueles que fazem questão de mostrar que podem, e estão sempre a concluir um negócio de milhões, quando na verdade tomam babadas dos chefes pelo atraso e outros com olhares escondidos apenas fingem com seus celulares pré-pagos o que nem eles sabem o que estão falando .
Não se vê mais relógios , pulseiras , anéis e nem mãos , acenos de preferência , ou quem sabe sinais que causam grandes impactos , o ar não se recicla e os rostos não brilham mais, pois o sol também como o mundo exterior é bloqueado de entrar e dar vida às pessoas .
O que penso ser mais triste, é a total falta de romantismo que se instala nas ruas e avenidas , onde o excesso de carros antigamente nos fazia olhar para todos os lados em busca de alguém, que também por sua vez buscava outro alguém e assim começava talvez um grande amor ou uma grande decepção , mas já era um bom começo.
Hoje o que vemos são carros que mais parecem caixões , sem brilho sem vida e sem flores, que fazem falta nesse grande contexto cor de concreto em que estamos inseridos , por isso abaixo as películas , abaixo a escuridão, abaixo o vão, frio e calculista mundo que por origem separa as pessoas, e cria um vazio que é impossível de ser preenchido .

4 comentários:

Anônimo disse...

Texto espetacular , atual , verdadeiro , o pior é que hoje em dia essa atitude se alastra e cada vez menos vemos vida ao redor .
Sensível e crítico , um bom texto para jornal .
parabéns .

Tatiana Castro

Anônimo disse...

Crônica atual e bem colocada , disfarça com algum cacuête ,a vida que está cada dia mais enclausurada em concreto .
Sábia a frase : "concreto não faz fotosíntese" , nem nós quando a rotina e o obsessivo pensamento capitalista, nos impedem de ver um mundo á frente .
Beijo

Gabriela Dias ( Curitiba )

Artsy-Fartsy disse...

Concordo com a Tatiana Castro: texto que iria com sucesso para qualquer jornal de grande circulação. Crônica bem feita, enxuta e profunda, com imagens metafóricas perfeitas.
Cada vez que venho aqui fico feliz, pois neste blog se processa a filosofia, a psicologia, a experiência de vida, e elas saem do processador de maneira poética.
Digno dos grandes cronistas da atualidade.

Me, Myself and I disse...

Obrigado amigo Fart , na verdade sabe que só escrevo o que sinto , e daí talvez essas características de cronicas poéticas, adoro fazer isso , pena que o tempo não me dá trégua.
Abraço

Obrigado Tati e Gabi , vou pensar na idéia do jornal (rs) .